No dia 8 de março, o AESCT participou nas reuniões de rede entre escolas – partilha de práticas, no âmbito do acompanhamento e monitorização enquadrados pelos Decretos-Leis n.º 54 e n.º 55, ambos de 6 de julho de 2018, que decorreram por via telemática, tendo sido representado por alguns professores e técnicos nas diferentes salas paralelas.
Nestas, pretendeu-se promover a reflexão e o debate sobre a dimensão que as literacias (crítica, científica e da saúde e bem-estar) assumem na promoção dos princípios, visão, valores e áreas de competências inscritos no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PASEO), através de momentos de partilha e reflexão.
Com o intuito de divulgar as práticas do projeto Includ-ED, a subdiretora, Ana Cabral, e o educador social, Dário Gomes, foram convidados a apresentar a ação educativa de sucesso – Tertúlias Dialógicas -, que tem vindo a ser dinamizada no agrupamento, do pré-escolar ao 9.º ano, e a nova disciplina de Oferta Complementar Sonhar a Escola, implementada no 3.º ciclo. A apresentação foi integrada na sala paralela da Literacia Crítica e contou, ainda, com a participação da assistente operacional Sandra Oliveira, da encarregada de educação Rosa Gomes e da aluna Marta Martins que, através dos seus testemunhos, apresentaram na primeira pessoa o que pensam sobre esta nova disciplina.
Neste desiderato, acredita-se que o trabalho realizado até aqui tem apresentado resultados meritórios de reconhecimento externo, em consonância com as palavras de agradecimento tecidas pela Coordenadora da Equipa Regional do Centro, Dr.ª Ana Botinas, quando referiu que esta significativa e expressiva dinâmica pode ser motivadora para que outras escolas Sonhem a Escola e construam o seu caminho assente nos pilares do PASEO.
Ana Cabral e Dário Gomes
Enquanto mãe e encarregada de educação tive a oportunidade de participar como voluntária em diversas tertúlias dialógicas e num grupo interativo. Estas atividades foram desenvolvidas na biblioteca, em círculo, o que por si só é motivador para os alunos, porque difere do contexto de sala de aula. Pude observar durante as tertúlias a partilha e debate de ideias entre os alunos, melhorando a comunicação e o seu à vontade. Os alunos sentem que o seu ponto de vista é válido, independentemente todos concordarem ou não.
Durante os grupos interativos, foi visível a interajuda entre os alunos na resolução da atividade proposta, permitindo que alunos com mais dificuldades pudessem perceber melhor e que aqueles com mais facilidade soubessem esperar e ajudar na resolução em grupo e não de forma individual.
Rosa Gomes
Estas partilhas melhoram a autoestima, estimulam o sentido crítico e promovem a proximidade entre os intervenientes, deixando-os mais desinibidos para falarem em grupo.
Os alunos sentem-se incluídos e mais valorizados, dado que a opinião de cada um deles é relevante e acrescenta sempre à partilha pequenos “grandes” pormenores que fazem a diferença.
Os alunos percebem que não há opiniões erradas, mas opiniões com perspetivas que enriquecem e valorizam estas dinâmicas.
Os alunos são livres para expressar as suas ideias e conceitos, sem haver juízo de valor por parte dos seus ouvintes.
Estas partilhas são feitas de forma ordenada, cada participante só fala na sua vez, sem ser interrompido.
Finalizando, os alunos têm um crescimento muito significativo ao nível da leitura e da capacidade de interpretação dos textos.
Nota-se uma evolução e transformação quer a nível pessoal, quer a nível social, pois estas práticas dão-lhe ferramentas preciosas em diferentes valências para as suas vidas.
Sandra Oliveira
Eu acho que as aulas de Sonhar a Escola são uma mais-valia para qualquer aluno, visto que, para além de ajudar a desenvolver a nossa capacidade de expressão, ajuda-nos a compreender melhor os textos. Também nos auxilia com todas as outras disciplinas, nomeadamente com as apresentações orais.
Marta Martins, 7.ºA
Eis algumas reflexões de contos explorados nas tertúlias literárias dialógicas:
Conto de Grimm “João com sorte”
Esta é a história de um rapaz modesto e trabalhador que passou sete anos ao serviço do seu amo. Depois desse tempo, decidiu ir para junto da família. O amo, para o compensar, deu-lhe uma pepita de ouro.
O João com sorte, de regresso a casa e ao longo da estrada, vai fazendo vários negócios, mas não tem muita sorte. Ele não tinha a noção do valor das coisas, a cada negócio ficava mais pobre e acaba sem nada.
A passagem do texto que eu mais gostei foi:
“João seguiu caminho e pensou que tudo lhe estava a correr como desejava, pois, mal se deparava com uma contrariedade, logo ela se resolvia.”
O João era um rapaz honesto, despreocupado e desapegado dos bens materiais. O que realmente lhe interessava era estar junto da sua família.
Bianca Correia, 7.ºA
Conto Ubuntu “Samuel”, por François Vallaeys
Para esta reflexão, eu escolhi o conto de Samuel, explorado na Semana da Empatia, isto porque eu acho que podemos tirar muitas conclusões dele. Por exemplo, quando o Samuel chegou ao quarto do rei, já no final, e lhe contou que era verdade que a rosa garantia imortalidade a quem a possuísse, naquele momento o rei ficou bastante confuso, pois estava a morrer. É aí que nos apercebemos da dimensão de certas ações, ou atos pois, apesar de Samuel não usar os métodos tradicionais de jardinagem (visto que ele não era jardineiro), o seu amor, carinho e cuidado para com aquela planta mostra-nos que, por mais que o neguemos, ele era quem cuidava do jardim, era ele o seu dono, quem fez a rosa mostrar a sua beleza.
Compreendemos, assim, que apesar do terreno ser do rei, Samuel, com o seu cuidado e amor, demonstrou que o verdadeiro dono de algo é quem cuida e quem trata, não quem negligencia o que é seu e pede a outros para fazer o seu trabalho, e é por isso que eu escolhi esta como a minha parte favorita, pois mostra que o trabalho duro é recompensado.
Marta Martins, 7.ºA
O conto que eu mais gostei foi “Samuel” porque é sobre o tema do amor.
Samuel é um jardineiro que é contratado por um rei para cuidar do seu jardim e, sobretudo, de uma roseira para o tornar imortal.
Samuel trata com muito carinho e cuidado dessa roseira, como se fosse dele. Dedicou-lhe tanta atenção que a roseira consegue libertar-se e ultrapassar a sua “doença”. Contudo, apesar da roseira ter florescido, o rei ficou doente e Samuel ganhou a imortalidade.
Julgo que a lição que este conto nos ensina é que não importa o que temos, mas sim o que somos e fazemos. O Samuel conseguiu tornar-se imortal, não por ser dono da roseira, mas pelo tempo e atenção que lhe dedicou.
Rodrigo Lopes