Breve Biografia de António Gomes Beato

2023/24

Neste ano de 2024, os alunos da EB1 de Manhouce celebram o centésimo terceiro aniversário sobre o nascimento do professor e poeta, nosso conterrâneo, António Gomes Beato.

Através desta breve biografia, dedicamos-lhe uma sincera e honrosa homenagem, produzida durante o 3.º Período, nas aulas de Oficina de Leitura e Escrita.

Os alunos da Escola de Manhouce
Dinis Carvalho, Matilde Duarte, Lucas Ferreira, João Duarte, Marta Rocha

BIOGRAFIA

O professor e poeta António Gomes Beato, nasceu em Manhouce a 10 de junho de 1921.

Filho de João Gomes Beato, natural de Manhouce, e de Maria José Silvestre Campos Beato, natural de Vilarinho do Monte, da freguesia de Manhouce. É de louvar, pois foram os primeiros pais de Manhouce, ambos aqui nascidos e aqui residentes, que vivendo só da agricultura puseram um filho a estudar no Liceu.

Foi casado com Maria Fernanda Barbosa Beato, nascida em Vilarinho da Castanheira (Carrazeda de Ansiães) e formada pela Escola do Magistério Primário de Bragança.

António Gomes Beato teve a sorte de nascer no troço em que o Rio Vouga caprichou nas suas margens repletas de flores coloridas e perfumadas. Manhouce, aldeia serrana, situada no Maciço da Gralheira com os olhos virados a sul para a serra do Caramulo.

«Ó Gralheira altiva, minha serra agreste,
Meu lençol de arminho em manhãs de inverno,
Dá-me os puros ares que em menino deste,
Leva-me ao carinho do meu lar paterno.

Manhouce!
Terra nobre, hospitaleira,
Que do cimo da Gralheira,
Chama por ti.

Ó meu jardim,
Terra encantada
Onde eu nasci.»

“Canções do Vouga”

António Gomes Beato fez a Instrução Primária na Escola de Manhouce, frequentou na sua juventude o Liceu Alexandre Herculano do Porto, o Colégio da Via Sacra em Viseu (1938), o Colégio João de Deus no Porto (1942), para finalizar o Curso da Escola do Magistério Primário da Capital do Norte (1944).

Ainda no Porto, tentou ingressar na Escola das Belas Artes da cidade invicta, tendo mesmo sido aprovado no exame de admissão. Mas, a vida obriga-o a dar aulas nas escolas das originárias serras, tendo iniciado a carreira de professor na Escola de Valadares, freguesia contígua à de Manhouce.

De 1944 a 1956, foi professor na Escola de Manhouce onde, também, se dedicou à formação da sua gente conterrânea através da criação do Curso Noturno da Campanha Nacional de Educação de Adultos (CNEA), com a frequência diária de 40 alunos.

Integrada nesta (CNEA), organizou a Tuna Musical de Manhouce com o apoio musical do maestro Álvaro de Campos. Ainda criou um Grupo Cénico que, juntamente com a Tuna, realizou magníficas exibições. Foi fundador da Cantina Escolar de Manhouce, onde era servida diariamente uma sopa confecionada pela sua irmã Benta Gomes Beato, num panelão de ferro em cima de uma fogueira. Homem ativo, conseguiu angariar verbas para a construção do respetivo edifício e para a sua manutenção. Com a ajuda de muitos manhoucenses comprou a imagem de S. João Batista que está na Igreja Paroquial de Manhouce.

As boas práticas pedagógicas no ensino foram distinguidas com o prémio da Casa das Beiras de Lisboa, com Diploma de Honra e assento no livro dos Beneméritos da Instrução, louvores estes atribuídos pela ação educativa desenvolvida na escola de Manhouce (1949). Sendo um pedagogo emérito e profissional exemplar, foi chamado a lecionar na Escola do Magistério Primário de Lisboa e a inspecionar os cursos da Campanha Nacional de Educação de Adultos naquele distrito (1956/57).

Um ano mais tarde, é convidado para ser professor no ensino liceal do Colégio Luís de Camões, na Beira, em Moçambique. Nesta província ultramarina desempenhou cargos de inspeção e orientador pedagógico do Ensino das Missões na Diocese da Beira-Tete (1961/63). Também fez parte do Grupo de Estudos e Trabalhos para o Aperfeiçoamento do Ensino e dirigiu vários Cursos de Formação de Professores moçambicanos e de aperfeiçoamento de professores do Ensino Primário.

De regresso ao continente, depois de duas décadas dedicadas à Educação, fixou residência em Miramar, Vila Nova de Gaia.

No entanto, nunca esqueceu as suas raízes e origens serranas. Em 1977 foi um dos organizadores e participante do Grupo Etnográfico de Cantares e Trajes de Manhouce.

Os seus méritos foram reconhecidos em vida, com a atribuição de várias menções honrosas e de inúmeros prémios em concursos de poesia e Jogos Florais. Recebeu o Prémio Casa das Beiras pela sua obra educativa realizada em Manhouce desde 1944 até à data da sua morte. Foi homenageado pelas Casas de Lafões, de Lisboa, do Rio de Janeiro e da Casa da Beira Alta-Porto.

Após a sua morte, os seus amigos lafonenses também lhe dedicaram uma honrosa homenagem, com a colocação na casa onde nasceu de uma quadra da autoria do ilustre Dr. Celso Cruzeiro.

Da sua vasta obra destacam-se três publicações ligadas a Lafões: “Cortejo de Oferendas”; “Canções do Vouga” e “ Lafões a Tradição e a Lenda”.

Faleceu no dia 4 de junho de 2001.

Está sepultado no cemitério de Valença do Minho, distrito de Viana do Castelo. 

Tuna Musical de Manhouce (o primeiro em baixo, da direita para a esquerda).